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Quem é culpado pelas enchentes? Como Resolver?


18 de janeiro de 2011

Quem é culpado pelas enchentes? Como Resolver? 

DESCASO DOS GOVERNOS  E GANÂNCIA DOS CAPITALISTAS  

Já virou rotina não sabermos como vai terminar nosso dia. Se vamos ter como voltar pra casa ou se as ruas serão alagadas tornando-se rios e lagos invencíveis para carros, ônibus e trens. Quantas vezes ficamos reféns nas estações esperando a liberação dos trilhos?

E quem mora na periferia? Tem que conviver com a constante ameaça de ver tudo o que conquistou ser arrastado pelo barranco e ainda ouvir pela televisão que ele não deveria estar ali… Ora, quem pode escolher não vai querer morar em cima ou embaixo de um barranco ameaçado de deslizamento.

Cada Prefeito e Governador (tanto os do bloco PSDB/DEM, quanto os do PT/PMDB/PSB, etc) jogam a culpa uns nos outros e ninguém faz nada frente a um problema que se repete a cada ano. Isso porque não estão dispostos a enfrentar o problema pela raiz.

É claro que não podemos esperar que os governos controlem as chuvas, mas devemos exigir que sejam tomadas medidas para combater e minimizar as conseqüências de períodos chuvosos e que o povo pobre não seja obrigado a pagar com a vida pela falta de planejamento urbano e pelo lucro dos especuladores imobiliários.

Sabemos que a impermeabilização do solo é a principal causa de enchentes, pois a água não pode ser absorvida pelo concreto e pelo tipo de asfalto usado. Isso acontece principalmente em antigas áreas de várzea de importantes rios (Tietê, Pinheiros, Tamanduateí, que hoje não passam de esgoto a céu aberto), tomadas por empreendimentos imobiliários como Shoppings e condomínio fechados.

Para aumentar esses problemas existem os interesses e a influência das grandes multinacionais, indústrias automobilísticas, que se instalaram no Brasil no século passado e impuseram a desorganização dos transportes ferroviários e coletivos como forma de impulsionar o modelo de transporte individual (cada vez mais carros). 

Tal modelo exige cada vez mais a construção de avenidas asfaltadas, pontes e viadutos, a demolição de prédios e a desapropriação de casas para dar lugar à fluidez do trânsito entupido de automóveis.

É esse modelo irracional, voltado apenas para gerar lucro para as indústrias multinacionais, empreiteiras e grandes imobiliárias que impuseram o prolongamento da Av. Faria Lima, no Bairro Pinheiros,e a construção da famosa Ponte Estaiada, onde é proibida a passagem de ônibus, Não é de se admirar que apesar de tantas obras caríssimas o trânsito continua caótico já que não há um verdadeiro compromisso com o transporte público, também entregue à exploração privada, encarecido e de baixa qualidade.

 A lógica do lucro na ocupação do solo permite que a especulação imobiliária encareça os imóveis próximos ao centro e obriga os trabalhadores a se fixarem longe de seus locais de trabalho. Aos trabalhadores só restam os locais mais baratos, ou seja, aqueles que não são os principais alvos da especulação imobiliária: como as encostas, áreas de mananciais, morros e margem dos rios da periferia.

É, portanto, a lógica capitalista do lucro a responsável pelas enchentes e deslizamentos que tantas vítimas e prejuízos causam aos trabalhadores.

Se a lógica do lucro na ocupação do solo não for quebrada, os trabalhadores continuarão a perder tudo: suas casas e até a vida de seus familiares. Se os casos mais famosos como as enchentes do Jardim Romano e do Jardim Pantanal, na periferia da Zona Leste não são resolvidos, imaginem as milhares de tragédias anônimas vividas por tantos trabalhadores que ao chegar a suas casas se deparam com uma inundação ou deslizamento.

 

Para as empresas: Ajuda do Estado.

Para as vítimas das enchentes e deslizamentos: a culpa pelas desgraças

 

As grandes empresas e multinacionais em dificuldade sempre contam com a ajuda do Estado através de anistia de impostos e empréstimos a juros baixíssimos que garantem sua lucratividade. Já os trabalhadores vítimas de enchentes e deslizamentos são responsabilizados pelos desastres, acusados de entupir os bueiros e de ocupar áreas de riscos como se fossem por sua vontade, acabam na prática arcando sozinhos com o custo das desgraças e quando tentam mostrar sua indignação são duramente reprimidos pela polícia. As vítimas se tornam os culpados.

Para mudar esse quadro é preciso quebrar a lógica capitalista que prevalece na ocupação urbana e no modelo de transporte em prol de uma organização das cidades que atenda as necessidades dos trabalhadores que são os que de fato produzem a riqueza social.  

Caso contrário, continuaremos com as ruas entupidas de carros, pagando impostos para que se construa mais avenidas, pontes e viadutos, impermeabilizando a cidade com concreto e asfalto e sendo empurrados para ocupar áreas de riscos ou ainda tendo áreas que antigamente eram seguras e livres de enchentes agora tomadas pelas águas.

Propostas Socialistas Contra as Enchentes e Deslizamentos

– Priorizar realmente o transporte coletivo de qualidade. Investimento em mais trens e ônibus para diminuir o número de automóveis nas ruas e aumentar a área verde da cidade. Tarifa social de R$ 1,00   nos trens e ônibus.  Que o empresariado e o estado assumam o restante do custo, com a criação de um Fundo de Transporte cortando gastos dos políticos, cargos privilegiados, e aumentando os impostos da empresas, que não disponibilizem ônibus fretados.

– Há milhares de imóveis vazios nas grandes cidades enquanto trabalhadores vivem em áreas de risco e distantes do trabalho. Portanto é preciso expropriar os imóveis ociosos nos centros e colocá-los à disposição dos trabalhadores a preços acessíveis;

– Por um plano de obras eficaz que viabilize a construção de moradias populares a preços compatíveis e não absurdos como hoje.     

– Fim de financiamento público para condomínios de luxo e a utilização dessa verba para financiamento das moradias populares;

– Indenização do Estado a todas as vítimas de enchentes e deslizamentos;

– Casa para quem perdeu a casa nas enchentes e deslizamentos;

– Isenção de todos os tributos para as vítimas de alagamentos e desmoronamentos por seis meses.

– Por um plano de obras públicas que priorize o saneamento e a despoluição de rios e lagos; Proibição das empresas jogarem seus esgotos nos rios.

– Contra a repressão e a criminalização dos movimentos das vítimas de enchentes.

Se você tem afinidade com essas idéias, venha debater e participar conosco dessa luta por uma mudança em prol de nós mesmos!

Espaço Socialista

Janeiro de 2011